Em Conteúdo, o essencial mora no topo
Entre os diversos monstros que um UX Writer enfrenta diariamente, um dos mais inclementes é a impaciência do usuário. Essa é uma característica que define a persona do leitor na internet e que já foi dita e repetida tantas vezes que virou clichê: “Os usuários da internet são preguiçosos. Por isso, seja breve e direto”.
Mas como todos os clichês, este não veio do nada. A verdade é que não somos leitores preguiçosos apenas na internet. Por que você acha que os cursos de jornalismo ensinam o conceito de “lead” há décadas? Um lead não faz nada além de apresentar as informações mais importantes no início do texto de modo a entregar logo o ouro e assim prender a atenção do leitor (ou pelo menos deixar que ele abandone o texto já tendo apreendido as informações essenciais).
É assim que quase toda história jornalística é construída: seguindo o conceito de pirâmide invertida. Selecione tudo o que você precisa dizer e organize dentro do espaço disponível em ordem de importância. Se o leitor nunca chegar ao final, bem… pelo menos terá saído conhecendo os tais cinco elementos do lead: o quê, quem, onde, quando e por quê.
Essa espécie de raciocínio no momento da organização do conteúdo é importante quando você pensa em um leitor de jornal que está cada vez menos disposto a ler cada um dos parágrafos de cada uma das páginas de um jornal.
Mas é absolutamente crucial quando o alvo é o usuário de internet. Para essa pessoa, não é mais uma questão de falta de tempo ou interesse. O fato é que ela raramente está ali para serem educada ou informada. Na maioria das vezes, o que ela quer é simplesmente realizar uma tarefa. E quanto menos cliques e menos tempo gastos nisso, melhor.
É por isso que, quando se trata de usabilidade, eu gosto de estreitar ainda mais o escopo do lead jornalístico, adaptando-o ao conceito de Leitura em F, popularizado pelo Nielsen Norman Group. Poucas linhas horizontais e, em seguida, uma linha vertical longa: esse é o padrão mais comum de leitura dos blocos de conteúdo de um site.
Em vez de navegar pelo conteúdo como se este fosse um bloco de relevância igualmente distribuída, o usuário tende a classificar o conteúdo de antemão, dando mais importância às primeiras linhas e, em seguida, examinando o conteúdo restante em um movimento quase vertical.
Mapa de calor do Nielsen Norman Group mostrando padrões de rastreamento ocular.
Quanto mais longe uma informação está do topo, menor a probabilidade de ela ser absorvida.
Estar ciente desse padrão é essencial quando se constroem grandes blocos de texto (como em artigos de notícia ou postagens de blog), mas também para melhor hierarquizar textos curtos, como os de formulários e mensagens de erro.
Assim como antes de escrever uma história um jornalista prioriza o conteúdo a ser apresentado e depois o organiza em ordem de importância, você pode usar o padrão de leitura em F para ter mais controle sobre o consumo de conteúdo no seu site.